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Desenvolvimento e História da Vielle (Fidule)


A vielle, também conhecida como fidule, é um instrumento de cordas com arco histórico que se espalhou pela Europa da Idade Média até o Renascimento. Ela tem uma longa e fascinante história, ligada ao desenvolvimento dos instrumentos de cordas europeus e à música tocada com arco. Precursor dos instrumentos de arco modernos, a vielle desempenhou um papel fundamental na música europeia antiga e foi usada em diversos contextos culturais e musicais.


1. Origens da Vielle: Período Medieval (séculos IX - XIII)


Primeiras menções e origens


A vielle, ou fidule, é um instrumento de arco conhecido na Europa medieval, que evoluiu a partir das tradições musicais árabe-islâmicas e bizantinas. A origem da vielle está frequentemente associada à introdução de instrumentos islâmicos, especialmente o rebab (que foi trazido para a Europa no início da Idade Média), e o rebec (conhecido na Europa medieval como rebec), um precursor dos instrumentos de arco modernos.


As primeiras menções à vielle e suas variantes remontam ao século IX, sendo que o instrumento geralmente possuía de três a quatro cordas. Ele era utilizado principalmente na música popular e militar.


A vielle medieval


No início da Idade Média, a vielle era principalmente usada para acompanhamento, especialmente durante cerimônias religiosas e festivais. Nesse período, o instrumento era considerado “primitivo”, tocado principalmente na música folclórica ou para eventos religiosos e comunitários.


2. A Ascensão e o Desenvolvimento da Vielle nos Séculos XII - XIV


A Idade de Ouro da Vielle


Entre os séculos XII e XIV, durante o auge da música gótica, a vielle se popularizou nas cortes e nas cidades medievais. O instrumento tornou-se um favorito entre os músicos profissionais que tocavam para reis, nobres e a Igreja.


Durante esse período, vários tipos de vielles diferentes foram desenvolvidos. Além de versões menores tocadas “contra o corpo”, modelos maiores, com mais cordas e corpos mais longos começaram a surgir, permitindo um som mais profundo e potente. As versões mais comuns da vielle tinham de três a cinco cordas. A vielle também era usada em músicas de dança, particularmente durante ocasiões da corte formal.


Técnica de execução


A vielle era tocada com arco (geralmente com um arco mais simples e reto do que os arcos modernos) e era comumente tocada em grupos ou duos para criar um acompanhamento harmônico para o canto ou a dança. Nessa época, a vielle ainda era vista como um instrumento de status inferior, mais frequentemente tocada em músicas folclóricas e de trovadores.


3. A Vielle no Século XIV - XVI: Renascimento e Diversificação dos Instrumentos


Desenvolvimento adicional


No século XIV, especialmente durante os períodos gótico e Renascimento, a vielle continuou a evoluir em várias formas e tipos diferentes. Famosos fabricantes começaram a experimentar formas de caixa e afinações diferentes, o que levou ao desenvolvimento de novas versões da vielle com cinco ou mais cordas. Durante esse período, surgiram versões maiores com cordas adicionais para as notas graves, permitindo que a vielle se adaptasse a contextos musicais mais complexos e profissionais.


Compositores e músicos


A vielle se tornou amplamente utilizada na música de corte e na música religiosa durante o Renascimento. Foi particularmente popular nas cortes francesas e inglesas, onde era usada para danças e eventos sociais. Também era um instrumento básico na música religiosa dessa época. Muitas composições para vielle foram escritas, tanto para execução solo quanto para acompanhamento.


Popularidade nas Danças Folclóricas


Durante o Renascimento, a vielle se tornou um elemento essencial da música de dança. Os músicos usavam a vielle em vários tipos de eventos sociais e dançantes, incluindo as danças de corte, onde era um dos principais instrumentos para acompanhamento rítmico. Nessa época, também se prestava maior atenção ao uso da vielle em conjuntos musicais, sendo combinada com outros instrumentos como luths, sacbuts e dulcians.


4. Declínio e Desaparecimento da Vielle (século XVII)


Transição para novos instrumentos


No século XVII, com o surgimento da música barroca e de formas musicais mais complexas, a vielle começou a perder sua popularidade. Nesse período, instrumentos mais modernos como o violino e a viola da gamba substituíram a vielle em muitos contextos musicais. Diversas formas da vielle, como a vielle “alto” ou “tenor”, começaram a ser substituídas por instrumentos mais avançados.


No século XVII, a vielle ainda era amplamente utilizada nas tradições folclóricas, mas gradualmente se afastou da música profissional, sendo suplantada por instrumentos que ofereciam capacidades sonoras mais amplas e melhores qualidades técnicas.


5. A Vielle Hoje


Embora a vielle não seja mais amplamente utilizada hoje, ela ainda é um instrumento importante para historiadores da música, musicólogos e músicos especializados na interpretação histórica. Atualmente, a vielle é usada na reconstrução da música medieval e do Renascimento, e em performances históricas. Ela também aparece em alguns conjuntos de música antiga, onde a reconstrução de instrumentos históricos desempenha um papel fundamental nos estudos e concertos.


Vários museus, como o Museu da Música em Paris e o British Museum em Londres, conservam exemplares históricos de vielles, fornecendo evidências preciosas sobre sua forma, construção e uso ao longo da história.


Conclusão


A vielle é um instrumento fascinante, cuja história remonta ao início da Idade Média e que teve uma influência importante no desenvolvimento da música com arco na Europa. Embora tenha sido gradualmente substituída por instrumentos modernos, seu legado perdura nos estudos da música antiga, e seu som ainda faz parte das reconstruções da música medieval e do Renascimento.